Sabem aqueles números, conhecidos por pesos atômicos, que caracterizam cada um dos elementos químicos da tabela periódica? Bem, pasmem (!), eles não são constantes. Isso porque o peso atômico de um elemento químico deve levar em conta os isótopos deste elemento.
Só para refrescar sua memória, caro leitor, isótopos são aqueles elementos químicos que embora tenham o mesmo número de prótons (e são, portanto, o mesmo elemento), eles apresentam números de nêutrons diferentes (já falei um pouco deles neste post). O Urânio-235 e o Urânio-238, por exemplo, são isótopos. Os dois têm 92 prótons, mas o U-235 tem 143 nêutrons, enquanto que o U-238 tem 146.
De fato, isótopos são bastante comuns e estão naturalmente presentes no nosso dia-a-dia. O ar que respiramos e a água que bebemos contêm isótopos. Perícia criminal, geocronologia, ciências da Terra e do meio ambiente e diagnóstico e tratamento médico são algumas das aplicações dos isótopos. Como exemplos de isótopos estáveis úteis ao Homem temos o Boro-10 utilizado na terapia por captura de nêutrons para o tratamento de tumores cerebrais e o Carbono-13/Carbono-12 ou o Oxigênio-18/Oxigênio-16 para detectar, entre outras coisas, o uso de drogas para doping no esporte, a autenticidade de alimentos e os efeitos da mudança climática. Exemplos de isótopos instáveis ou radioativos (também chamados de radioisótopos) bastante úteis incluem o Tecnécio-99 para geração de imagens dos órgãos internos do corpo humano para diagnóstico médico, o Amerício-241 para ativar o alarme em detectores de fumaça, e o Carbono-14 para responder a perguntas como "quando ocorreu a última Era Glacial?".
Com o objetivo de familiarizar estudantes, professores e a própria socidedade sobre a existência e importância dos isótopos, a IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) lançou, como parte das atividades do Ano Internacional da Química, a tabela periódica dos isótopos.
Essa tabela mostra a abundância isotópica de cada elemento químico em um gráfico tipo "pizza", facilitando a identificação do número de isótopos estáveis (bem como seus números de massa) para cada elemento químico.
Com quatro diferentes cores de fundo, os elementos químicos também são classificados segundo o número de isótopos que possuem e seus pesos atômicos padrão. Elementos que contém dois ou mais isótopos estáveis e têm seus pesos atômicos descritos por um intervalo de valores já reconhecido pela IUPAC são identificados pela cor rosa. Aqueles que ainda não tiveram o intervalo de peso atômico reconhecido pela IUPAC têm a cor amarela como fundo. Os elementos que têm apenas um isótopo estável e seu peso atômico é, portanto, uma constante da natureza são indicados em azul. Por fim, a tabela identifica os elementos que não contém isótopos estáveis com um fundo branco.
A tabela periódica dos isótopos (disponível apenas em inglês) pode ser encontrada no site da Comissão de Abundâncias Isotópicas e Pesos Atômicos (clique aqui para acessar a tabela em .pdf). Uma versão interativa dessa tabela está em desenvolvimento e incluirá as diversas aplicações dos isótopos e a presença destes no nosso dia-a-dia.
Para saber mais:
Site (em inglês) da Comissão de Abundâncias Isotópicas e Pesos Atômicos
Ano Internacional da Química
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Entendi, mas não há nenhuma novidade nisto, né? Este fato já era conhecido, ou estou enganado? Em todo caso foi bom conhecer esta tabela periódica dos isótopos.
ResponderExcluirApenas uma correção, se me permite. Você, por um pequeno decuido, trocou os números do isóptopo U238, e ficou U328.
Jairo, muito obrigada! Já corrigi o 238!
ResponderExcluirPois é, a novidade mesmo é a tabela de isótopos lançada agora em Julho. O título foi só para ressaltar aos leitores, principalmente para o público escolar, o reconhecimento oficial por parte da IUPAC de que os pesos atômicos podem variar dependendo da abundância isotópica de cada elemento químico.