terça-feira, 31 de julho de 2012

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terça-feira, 24 de julho de 2012

Nuclear no cinema: Chernobil - Sinta a radiação!

Está em cartaz nos cinemas brasileiros, desde o dia 20 de Julho, o filme de terror Chernobil - Sinta a radiação.

Roteirizado e produzido por Oren Peli de Atividade Paranormal, o filme conta a história de um grupo de jovens que, ao buscar um pouco de emoção durante as férias, viaja para o Leste Europeu, mais precisamente à cidade de Pripyat, abandonada após o acidente nuclear na usina de Chernobyl em 1986. Lá, eles se deparam com estranhos acontecimentos!


Veja o trailer do filme:




Mas, não se anime muito não, pois a crítica "caiu matando" no filme.

Segundo Roberto Guerra, Pripyat "é o cenário para a enxurrada de clichês que vem adiante para tentar arrancar sustos dos espectadores – o que consegue algumas vezes –, mas nada o suficiente para apagar a sensação de que estamos assistindo a mais do mesmo (...) O problema é que o cenário sombrio e cheio de possibilidades é mal aproveitado e a direção tacanha não consegue salvar o que um roteiro mal pensado já condenava ao fracasso (...) O enredo é bastante óbvio e abundante em incongruências narrativas que destroem aos poucos a credibilidade e realismo presente no início da trama (...) mais um filme de terror de baixa qualidade e nenhuma imaginação".

Luiz Zanin, outro crítico de cinema, concorda: o filme é "nada notável, em suma. Rotina".

Eu ainda não vi, mas acho que vou esperar chegar até as locadoras... e você leitor, já viu o filme?


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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Dica de livro: Renato Archer - Energia Atômica, Soberania e Desenvolvimento

Renato Archer foi uma personalidade marcante na vida política do País e grande incentivador do desenvolvimento tecnológico nacional, principalmente no setor nuclear.

O livro Renato Archer - Energia Atômica, Soberania e Desenvolvimento revela-nos, através de uma compilação de diversas entrevistas com o próprio Archer, a luta política de líderes como ele, o almirante Álvaro Alberto e outros que enfrentaram pressões internacionais – e internas – para atingir o domínio da tecnologia nuclear.

O deputado Aldo Rebelo fez uma resenha do livro que pode ser conferida nesse link.

A exportação de areia monazítica para os Estados Unidos, a CPI da energia atômica em 1956 e o acordo com a Alemanha são apenas alguns dos assuntos abordados no livro. Essa é uma leitura muito interessante para quem quer saber mais sobre a política nuclear brasileira, desde seus primeiros passos na década de 30.


Título: Renato Archer - Energia Atômica, Soberania e Desenvolvimento

Organizadores: Alvaro da Rocha Filho & Joao Carlos Vitor Garcia  

Editora: Contraponto

Páginas: 271

Ano: 2006

Preço Médio: R$ 32,00*

* A editora Contraponto está com preço promocional de R$ 20,40.


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domingo, 8 de julho de 2012

Submarino nuclear sai do papel em 2016

Projeto começa agora; navio vai para o mar em 2021 e entra em ação até 2025

ROBERTO GODOY

Fonte: O Estado de S. Paulo, em 08/07/2012


O sol em Cherbourg, litoral da Normandia, na França, anda escasso. Dias nublados, de chuva e vento frio soprando de sudoeste, enganam quem espera o calor do verão. Ainda assim, na sexta-feira, com o termômetro batendo nos 13 graus, houve festa nos estaleiros da DCNS, a Direction des Constructions Navales et Services.

O parceiro francês no programa de construção de quatro avançados submarinos diesel-elétricos e de um outro movido a energia atômica, para a Marinha, festejou com o grupo brasileiro de especialistas em treinamento - cerca de 50 deles - a oficialização da data do início do ProSub - o Projeto do Submarino com Propulsão Nuclear Brasileiro. A cerimônia que marca a contagem do tempo foi realizada no Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo, no campus da USP.

O contrato, incluind0 obras civis, vale 6,7 bilhões, cerca de R$ 21 bilhões, um dos três maiores empreendimentos públicos do País. O grupo brasileiro majoritário no empreendimento é a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT). A contar do dia 6 de julho, a agência de desenvolvimento dos projetos vinculados ao ProSub terá três anos, talvez pouco menos, para produzir a concepção básica do submarino. Segundo o coordenador, almirante José Alberto Accioly Fragelli, "terá início, então, a parte dos planos detalhados, junto com a construção do navio em 2016, no estaleiro que está sendo estruturado em Itaguaí, no Rio".

A previsão para as etapas de conclusão situam em 2021 ou 2022 a finalização da embarcação. A montagem eletrônica, o carregamento do reator compacto e os testes de mar devem consumir, talvez, mais dois anos. Um almirante ouvido pelo Estado acredita que sob pressão estratégica - uma eventual ameaça externa - o SN-Br pode entrar em operação efetiva em 2023. Se não, é coisa para 2025. O empreendimento, de longo prazo, contempla uma frota de seis submarinos nucleares e 20 convencionais; 15 novos, S-Br, da classe Scorpène e cinco revitalizados. Tudo isso até 2047, conforme o Paemb - Plano de Articulação e de Equipamento da Marinha.

A frota de submarinos de ataque será o principal elemento dissuasivo da Defesa brasileira. Um oficial especializado, que não pode ser identificado, sustenta que "a percepção do agressor deve ser a de que haverá resposta rápida e devastadora a qualquer aventura, vinda de uma fonte difícil de identificar, capaz de surgir em qualquer lugar". Mais comedido, o comandante da Força, almirante Júlio Moura Neto, lembra a "necessidade de dar prioridade à estratégia do temor das consequências considerados fatores como o Pré-Sal, a posição do Brasil no contexto internacional, a garantia da segurança marítima e a vigilância sobre as águas jurisdicionais, que somam 4,5 milhões de quilômetros quadrados, uma Amazônia no mar".

Dinheiro garantido

Não está faltando dinheiro para o Pro Sub. Em 2011 o investimento foi de R$ 1,8 bilhão. Para 2012, o governo destinou R$ 2,15 bilhões - recursos livres de cortes. Em Itaguaí, litoral sul do Rio, há 6,3 mil pessoas trabalhando no complexo formado pelo novo estaleiro e nova base de operações - 500 desses funcionários foram treinados no canteiro que recebe este mês a primeira equipe de engenheiros e projetistas da DCNS. Vão trabalhar com o pessoal da Marinha no navio nuclear.

Em novembro terminam as obras da construção da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), onde serão construídos os submarinos S-Br, com motores diesel-elétricos. Um mês depois, chegam da França as seções 3 e 4 do primeiro navio, que foram juntadas por soldagem de alta tecnologia em Cherbourg, em dezembro de 2011. Em 2015 fica pronto o estaleiro, e em 2017 será entregue o S-Br que abre a série de quatro, recebidos um a cada 18 meses. A gleba do conjunto tem 980 mil metros quadrados, dos quais 750 mil metros quadrados sob a água. Haverá dois píeres de 150 metros e três docas de 170 metros. Base e estaleiro ocuparão 27 prédios. A dragagem mobiliza 6 milhões de metros cúbicos. As especificações dos navios brasileiros ainda estão sendo definidas. O Scorpène Br é cerca de 100 toneladas mais pesado e 5 metros mais longo que a configuração padrão, forma de aumentar a autonomia e o conforto a bordo.

O programa brasileiro não é o único da América do Sul. Na Venezuela, Hugo Chávez negocia com a Rússia a compra de 7 a 11 submarinos - um deles nuclear, o Akula, de 12,7 mil toneladas, armado com torpedos e mísseis. Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner anunciou, em junho de 2010, um programa considerado tecnicamente pouco viável. A ideia é converter a motorização de três velhos modelos de origem alemã, o San Juan, o Santa Cruz e o Domec, dos anos 1970, concluídos no início dos 1980, atualmente em fase de revitalização. Todos receberiam um reator de concepção local, o Carem, desconhecido fora da Invap, empresa que teria criado o produto. Um dos navios modernizados estaria pronto para uso em 2015, outro em 2020. O terceiro ficaria dependente dos resultados apurados no procedimento.

Complexo de Itaguaí poderá receber até 16 navios ao mesmo tempo


O conjunto formado pelo estaleiro e a base de Itaguaí terá capacidade para atracar 16 navios ao mesmo tempo, sendo 6 submarinos nucleares, 4 convencionais, 1 socorro especializado, 3 rebocadores portuários, 1 lancha oceânica de apoio a mergulhadores e 1 de recolhimento de torpedos.

A área industrial poderá conduzir a construção simultânea de dois submarinos de quaisquer tipos, e a troca da carga nuclear ou dos reatores completos.


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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Chernobil: 25 anos! Fatos e Mitos sobre o acidente nuclear - Parte 4

Versão artística da nuvem radioativa de Chernobil. Fonte: Radioactive Wolves.

Chernobil, 1986. O maior acidente nuclear da História. Derretimento do núcleo do reator. Explosão. Incêndio. Vazamento de radiação. Nuvem radioativa... Chuva radioativa... Água, solo e alimentos contaminados... Pânico! Zona de exclusão: cerca de 340 mil pessoas evacuadas, fugindo da mortal radiação...

Chernobil hoje: terra abandonada. Vinte e cinco anos sem a presença do homem. Cidades fantasma. Será ela uma terra assassinada pela venenosa radiação? O que aconteceu com os animais e plantas deixados à própria sorte dentro da zona de exclusão? Estarão todos mortos? Ou terão se transformado em monstros mutados geneticamente?

Zona de exclusão. Fonte: Radioactive Wolves.

Bem... nem uma coisa, nem outra! É o que nos mostra o documentário Radioactive Wolves (2011). Filmado na zona de exclusão de Chernobil, o filme revela que os efeitos da radiação no meio ambiente não foram tão catastróficos quanto nossa fértil imaginação sugere!

Reator de Chernobil e arredores. Fonte: Radioactive Wolves.

A radiação, embora ainda presente na região, parece não afetar de forma negativa os animais e plantas. A vegetação cresce e avança lentamente pela cidade de Pripyat, retomando o espaço que um dia fora seu. Animais, como aves, roedores e lobos, usam as estruturas deixadas pelos humanos para se protegerem dos inversos rigorosos e se reproduzirem.

Animais em Chernobil. Fonte: Radioactive Wolves.
Flores de Chernobil. Fonte: Radioactive Wolves.
 
Animais em Chernobil. Fonte: Radioactive Wolves.

Os lobos, em particular, são os objetos de estudo dos cientistas do documentário, pois eles são o topo da cadeia alimentar do ecossistema local e podem dar pistas de como a radiação afetou esse meio ambiente.

Lobo radioativo na zona de exclusão de Chernobil. Fonte: Radioactive Wolves.

Lobinhos na zona de exclusão. Fonte: Radioactive Wolves
Haviam rumores de que a população de lobos havia aumentado dentro da zona de exclusão, chegando até a 300 indivíduos. Através de coleiras com localizadores GPS e mapeando os rastros deixados pelos lobos, os pesquisadores concluíram que há cerca de 120 espécimes no local, número parecido ao de uma área de controle, fora da zona de exclusão. Além disso, eles descobiram que os lobos, bem como outros animais, estão se reproduzindo na zona de exclusão!

Lobo radioativo. Fonte: Radioactive Wolves.
Mas, e a radiação? Como ela afeta os animais? Bem, o documentário nos mostra que os animais são radioativos. As partículas radioativas liberadas no acidente nuclear penetraram o solo e a água e depois foram absorvidas pelas plantas. Os animais, ao se alimentarem e beberem dessa água, também acabaram acumulando partículas radioativas em seus órgãos e ossos.

Além disso, os pesquisadores concluíram que a quantidade de mutação genética observada nos animais da região por causa da radiação é o dobro das observadas fora da zona de exclusão. Isso significa que, embora alguns animais sofram com a radiação, a população em geral permanece saudável. 

Dona falcoa e sua ninhada. Fonte: Radioactive Wolves.
As condições de reprodução das espécies parecem ser até melhores nessa região devido à ausência do homem. Lobos, peixes, alguns roedores, águias e falcões estão entre os animais que conseguiram estabelecer ninhadas na zona de exclusão.

Cabe ressaltar que a principal ameaça para esses animais antes do acidente nuclear era a presença humana. Em particular, o desmatamento da região para a expansão da agricultura, com o "slogan" do "melhoramento da terra", forçava-os a migrar para outros locais. 

De fato, fora da zona de exclusão, a paisagem ainda parece a mesma, com vastos campos de agricultura. Dentro da zona de exclusão, por outro lado, a natureza se recuperou. Os canais, outrora de irrigação, hoje permitem o retorno dos castores que, através de suas barragens, criam ambientes favoráveis à reprodução dos peixes. O cisne, também natural dessa região, voltou a habitá-la.

Agricultura fora da zona de exclusão. Fonte: Radioactive Wolves.
Antigos canais de irrigação na zona de exclusão.
Fonte: Radioactive Wolves.

Além disso, já foram contadas mais de 120 espécies de pássaros na região e cavalos selvagens, que hoje só vivem em cativeiro, foram soltos nas florestas de Chernobil.

Passáros em Chernobil. Fonte: Radioactive Wolves.
Águia na zona de exclusão. Fonte: Radioactive Wolves.

Ironicamente, o maior desastre nuclear da História transformou-se em um refúgio único para espécies outrora ameaçadas pelo homem. Para os humanos, essa terra está perdida. Pelo menos aparentemente, só para os humanos!

O premiado documentário da PBS pode ser inteiramente visto abaixo, com som original em inglês e sem legendas (vamos "dessenferrujar" o inglês pessoal!). O canal Globosat HD também está exibindo esse documentário com legendas em português para seus assinantes. A próxima exibição será amanhã (05/07) às 11h30.

A equipe de filmagem de Radioactive Wolves passou mais tempo na zona de exclusão do que qualquer outra equipe da imprensa jamais conseguiu. Foram 100 dias de filmagem no período de um ano e a primeira equipe estrangeira a filmar na parte bielorrussa da área, trazendo as primeiras imagens aéreas em 20 anos. O resultado é a inédita imagem panorâmica da zona de Chernobyl, uma vista de 360 graus da região mais selvagem da Europa. Vale a pena conferir!




Observação: Cabe ressaltar que isso não esgota o assunto de como a radioatividade afeta o ecossistema. Só o monitoramento contínuo da área por um longo período poderá nos fornecer pistas de como responder essa questão!


Para saber mais

Site da PBS sobre o documentário Radioactive Wolves


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